No último debate antes do segundo turno entre os candidatos à Presidência da República, Jair Bolsonaro, do PL, e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que aconteceu na TV Globo, um dos assuntos mais abordados foi o salário mínimo.
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Logo no início do debate, o atual presidente anunciou que, se reeleito, elevará o mínimo para R$1.400,00, mas Lula pressionou sobre por que no governo Bolsonaro não houve aumento real do salário aos trabalhadores. Essa foi uma das únicas novidades e propostas discutidas durante o debate, marcado por trocas de ataques e acusações de propagação de mentiras.
Outro ponto da política econômica criticada pelo ex-presidente durante o primeiro bloco do debate foi a Reforma da Previdência aprovada durante o atual governo. Lula também acusou o ministro da Economia, Paulo Guedes, de querer acabar com benefícios trabalhistas, como o 13º salário e férias. O petista disse que, se eleito, vai redescutir regras da Consolidação das Leis de Trabalho, CLT.
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Ainda no primeiro bloco, os candidatos chegaram a trocar farpas sobre corrupção, até que entraram no tema política externa. Lula disse que Bolsonaro “não tem relação com nenhum país do mundo”, e afirmou que o atual governo isolou o Brasil, enquanto o presidente rebateu desdenhando da política externa do petista, ao dizer que, na gestão de Lula, o Brasil só se relacionou com países como “Argentina e Cuba”.
Bolsonaro também voltou a repetir acusações sobre supostas divergências das inserções de campanhas eleitorais em rádios do Nordeste, e disse que o Tribunal Superior Eleitoral está contra ele.
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Combate à pobreza e Constituição
No segundo bloco, com duas rodadas de 10 minutos de debate sobre temas pré-determinados, Lula escolheu discutir primeiro sobre “Combate à Pobreza”.
O ex-presidente citou os milhões de brasileiros que estão passando fome, enquanto Bolsonaro refutou os números apresentados pelo petista sobre essa questão, e comparou o Auxílio Brasil de R$600,00 por mês de seu governo com o Bolsa Família, que distribuía benefícios abaixo de R$200,00.
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Bolsonaro, por sua vez, escolheu o tema “Respeito à Constituição” e reforçou que “joga dentro das quatro linhas” da legislação brasileira. Lula refutou a fala, dizendo que o adversário “todo santo dia ataca os ministros da Suprema Corte porque não respeita a Constituição”.
Pandemia e violência
No terceiro bloco, com mais 30 minutos de debate sobre temas livres, Lula falou sobre saúde pública e criticou a atuação do adversário na pandemia, bem como o atraso na campanha de vacinação contra a Covid-19. Bolsonaro falou que, graças a ele, o Brasil comprou vacinas, e que iniciou a imunização dos brasileiros assim que a Anvisa autorizou.
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Já o presidente questionou Lula sobre porte de armas, e o petista voltou a defender políticas de desarmamento, dizendo que a facilitação do acesso às armas no governo Bolsonaro pode ter contribuído para o aumento de casos de feminicídio.
Lula também citou Roberto Jefferson, em uma tentativa de ligar o ex-deputado a Bolsonaro, mas o presidente afirmou que não tem amizade com Jefferson, e fez questão de ressaltar que ele tem que ir para a cadeia por ter atacado agentes da Polícia Federal com granada e tiros.
Criação de empregos e meio ambiente
Com as mesmas regras do segundo bloco, Bolsonaro escolheu debater o tema “Criação de Empregos” no quarto bloco. O presidente disse que conseguiu criar vagas de trabalho apesar da pandemia e Lula refutou, dizendo que, nessa conta do governo, entram empregos informais e microempreendedores individuais, enquanto na gestão do petista “contava apenas emprego com carteira assinada”.
No tema “Meio Ambiente”, Lula perguntou sobre o aumento do desmatamento no governo Bolsonaro, e o presidente respondeu que sua gestão teve menos áreas desmatadas do que na do petista. O ex-presidente chamou as acusações de mentirosas, disse que combateu o desmatamento “ilegal e clandestino” e que reduziu as áreas desmatadas na Amazônia em “quase 80%”.
Ato falho
Nas considerações finais do debate, Lula ressaltou o aumento dos salários em seu governo e o investimento em cultura e educação, além da harmonia do país. Já Bolsonaro apelou para questões religiosas, mas cometeu gafe ao pedir que os eleitores “deem a ele um novo mandato como deputado federal”.