Cerca de 4,9 milhões de pessoas que hoje fazem parte do Auxílio Brasil correm o risco de perder o benefício a partir de 2023. Segundo informações de bastidores colhidas pelo jornal O Globo, a equipe de transição do governo Lula vem analisando a possibilidade de reavaliar as contas destes cidadãos logo no início do mandato.
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A ideia é focar esta reavaliação apenas nas pessoas que declararam que moram sozinhas em seus perfis do Cadúnico. Em tese, nada impede que um cidadão que reside sozinho receba o Auxílio Brasil. Contudo, há uma desconfiança de que parte destes cidadãos tenham tentado burlar o sistema para conseguir receber mais de um benefício por mês.
Hoje, o Auxílio Brasil do Governo Federal faz pagamentos mensais mínimos de R$ 600 por família. Não há diferenciação em relação ao número de integrantes que residem em uma mesma casa, isto é, uma família com sete pessoas, por exemplo, recebe R$ 600 no mínimo. Já uma pessoa que reside sozinha recebe R$ 600 mínimos também.
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Diante desta regra, há uma suspeita de que famílias tenham se desmembrado propositalmente para conseguir receber mais de um benefício. Desde o final do ano passado, há um aumento vertiginoso no número de pessoas que se registraram no Cadúnico como cidadãos que residem sozinhos. Estima-se que quase 5 milhões deles recebam o dinheiro do Auxílio Brasil.
Em entrevistas recentes, membros do grupo de transição na área de Desenvolvimento Social já davam sinais que de poderiam realizar estas reanálises nos meses de janeiro e fevereiro de 2023. Contudo, informações mais recentes dão conta de que agora a expectativa é de que este movimento aconteça nos meses de fevereiro e março do próximo ano.
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TCU apontou indícios
A equipe de transição na área de Desenvolvimento Social não é a única a falar sobre este tema. Há duas semanas, membros do Tribunal de Contas da União (TCU) enviaram uma série de documentos sobre o tema para este grupo.
Nestas análises, eles indicam que há fortes indícios de fraudes no sistema do Auxílio Brasil, justamente por causa desta regra que estabelece que os R$ 600 mínimos devem ser pagos para todas as pessoas independente da quantidade de cidadãos que residem em uma mesma casa.
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“Algumas das conclusões que os auditores estão finalizando são de que o Auxílio Brasil tem incentivado o fracionamento de núcleos familiares, a fim de recebimento de recursos em volume maior, o que prejudica famílias que não podem ser decompostas numericamente, como por exemplo, uma mãe com dois ou três filhos pequenos”, disse o presidente do TCU, Bruno Dantas.
Pente fino do Auxílio
Em entrevista na última semana, uma das principais líderes do grupo de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a ex-ministra Tereza Campello disse que o novo governo vai retirar os “sem-vergonha” do programa social já no próximo ano.
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“Queremos criar um ambiente de construção de uma transição, mas ao mesmo tempo é irregular. A legislação é clara: as pessoas não podiam estar recebendo. Estamos conversando com os municípios. Esse povo vai bater na porta da prefeitura quando o recurso for bloqueado. Serão filas enormes no início do governo Lula com muita gente pobre, mas também muita gente sem vergonha. Queremos tirar os sem-vergonha”, disse Campello.