O dólar hoje abriu a sessão desta quinta-feira (19) com queda de 0,28%, a R$ 6,2484. O desempenho dava certo alívio ao mercado de câmbio depois do estresse da véspera, quando as incertezas fiscais e a decisão de juros nos Estados Unidos levaram o dólar a R$ 6,26, o maior valor da história.
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Mas a tendência ainda parece ser de dólar alto. Às 10h16, a cotação já tinha voltado a a subir, ao R$ 6,30, com uma alta de 0,55% frente o real. É o maior valor nominal da história.
A abertura da sessão aconteceu com atraso hoje, enquanto investidores aguardavam um novo leilão à vista de até US$ 3 bilhões, realizados pelo Banco Central entre 09h15 e 09h30. A modalidade, desta vez, será diferente: cada dealer de câmbio pôde enviar até três propostas com o volume pretendido e o diferencial, com até seis casas decimais, a ser adicionado ou diminuído da taxa de venda Ptax do fechamento do dia. Isso poderia levar a uma queda da cotação pela manhã, para formar uma Ptax menor de forma que os participantes comprem o dólar “mais barato”.
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Mas não há garantia de que a operação sustente o dólar em queda ao longo de todo o pregão. Como mostramos aqui, o BC vem realizando leilões cambiais para tentar injetar liquidez no mercado cambial e segurar a disparada da cotação; sem sucesso. Especialistas explicam que o verdadeiro motivo por trás da desvalorização do real é a piora do sentimento em relação ao fiscal.
O governo tem até a sexta-feira (20) para conseguir aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso, antes do recesso parlamentar de fim se ano. A desidratação do pacote fiscal e a demora da aprovação das propostas tendem a manter um plano de fundo de cautela no mercado.
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“Embora a Câmara tenha aprovado o projeto que limita o crescimento de despesas em caso de déficit primário, a descrença persiste”, diz Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas. “A comunicação entre Executivo e mercado tem sido ineficaz, deixando investidores sem uma perspectiva clara. A consequência direta será a deterioração do poder de compra do brasileiro, com o câmbio em níveis cada vez mais elevados.”
Para o especialista, é “essencial” que o governo transmita confiança fiscal e abandone medidas que ampliem o déficit. “Também seria prudente rever a estratégia de leilões, que têm gerado pouco resultado prático”, afirma Gusmão.
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Repostando: Estadão